
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
jardim...

vulcão

Nem lua
Nem cigarras
Nem orvalho.
A madrugada adentra
Penetrando os sonhos
Ocultos na aridez das folhagens.
Nem o calor do Etna,
Nem o Vesúvio,
Nem Roma em chamas,
Rios de fogo
Correm em seu leito.
O mundo inteiro arde.
O muro que separava os jardins
Está desfeito.
O vermelho manchou o papel do poema,
As letras, qual labaredas imensas,
Elevam-se em meio à fumaça
Ah esse desejo que não passa...
Agora não tem mais jeito,
O poeta ativou
Um vulcão dentro do peito.
carmen
O poeta já se arrasta*

O sábio foi dormir faz tempo
De quem é este corpo que se arrasta
carregando um poeta sonolento?
Não pode deixá-lo ao relento
já o espera alcova sedosa
lençóis com perfume de rosas
sonhos gostosos e saboreáveis,
É para lá que ele vai
tão logo resolva o problema:
por o poeta pra dormir
e um ponto final no poema.
*Carmina Reginae
Oração
Estou diante de ti,
Ó Luz,
não tenho olhos para enxergar,
mas tenho joelhos para dobrar,
Minhas vestes voam em pedaços,
mas pouco importa,
A nudez me cai tão bem
como Teus raios dourados
sobre a relva
do vale das sombras,
Se queres que eu sobreviva
à minha tragédia
lança sobre mim o Teu olhar mais doce.
E me farei guerreiro,
Enfrentarei as ondas insidiosas
e pelas Tuas mãos aportarei
no cais da Consciência.
carmen
Credo

Creio
em tua boca,
creio em teus lábios,
tuas mãos,
teu corpo,
creio em meus seios,
creio no teu desejo,
no olhar quente de paixão.
Creio no fogo,
na terra na água no céu
e nas estrelas
que queimam dentro da minha boca;
creio no canteiro de lírios,
e em tua voz aveludada e rouca.
Creio no martírio,
na dureza do aço,
na frieza do mármore,
e nos di amantes emergindo do carbono.
Creio que um belo dia o poeta hiberna,
Creio na poesia eterna.
Amem.
carmen
Per - feição
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Ardem as rosas no jardim da poesia

O saara se faz presente,
A tarde arde inclemente.
Contemplo a rubra rosa
qual beijaflor inocente,
vejo-a terna e formosa,
- o que será que ela sente?
Talvez sinta o mesmo calor,
mesma lava ardente correndo
em artérias vasos e veias.
Saberá minha intenção,
lerá meu amor nos poemas que teço
qual aranha tecendo a teia
com fios do coração?
Toma, pequena,
Com apenas um copo de água viva
faço chover sobre as pétalas macias,
te cubro com meu olhar mais doce,
te encanto, te faço sorrir.
Mas só te levo comigo
se quiseres
vir.
carmen
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
beijar...
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Aldous Huxley.
"A terra é irrigada por lagos onde há lótus de ouro.
Existem milhares de rios cobertos de folhas
da cor da safira e do lápis-lázuli
e os lagos, resplendentes qual sol da manhã ,
são adornados por áureos canteiros
de lótus de flores rubras.
Toda a região em torno é recamada de jóias
e pedras preciosas
com alegres canteiros de lótus azuis,
de pétalas douradas.
Ao invés de areia, pérolas,
preciosas gemas e ouro formam as margens dos rios
sobre os quais pendem árvores de ouro cintilante.
Essas árvores são perpetuamente adornadas
de flores e frutos que despendem suave fragrância
e estão sempre povoadas de pássaros. "
(Ramayana, citado em “Às portas da percepção”,
A.Huxley, pg 61)
*
grande Huxley, meu primeiro toque divino...

“Estiveste no Éden, o jardim de Deus.
Cobriam-te todas as pedras preciosas,
- o sárdio, o topázio, o diamante,
o berilo, o ônix, o jaspe, a safira, a esmeralda
e o carbúnculo, e ouro...
És o querubim ungido que, coberto,
tinha andado de um lado para o outro,
em meio às pedras de fogo.”
(Ezequiel, citado em “Às portas da percepção”, A. Huxley, pg 61)
sábado, 7 de fevereiro de 2009
vaga lumes na noite

Vagalumes na noite
A poesia voa em bandos
iluminando a noite
pirilampos riscando o breu .
Caçadora de versos
corro atrás das lamparinas
Que dançam, se oferecem
depois se esquivam, sobem, descem...
Vou devagar
no compasso do coração
suavemente...
miro e, ... póf!
Brilham na palma da mão...
carmen