E o amor, que é imortal, renasce.
O amor é aquele tambor pequenino, um brinquedo de menino,
esse deus que me olha sereno de dentro dos meus sonhos e me sorri,
porque tudo é um sonho, e nada é para sempre.
Ele é o estado de graça que faz as deusas serem belas,
ele é o aroma que as faz perfumadas e meigas...
Ele povoa seus pensamentos, seus sentimentos, suas sensações
com poesias que só às deusas são ofertadas...
Ele as atrai como o mel atrai as abelhas, ele fascina suas almas de meninas
e as leva para brincar aos pés daquele riacho que nasce na fonte do seu coração
e corre sem fim dentro de tudo que existe...
O amor nunca morre e, no entanto, renasce todos os dias
no mesmo instante em que o sol irrompe, os pássaros se põem a cantar
e as fadinhas se levantam para dançar sobre as gotas de orvalho das
manhãs.
Quando a alma desponta no horizonte do poeta, ele é o dourado que a tudo
permeia,
é a melodia tocando suave a natureza das coisas.
O amor renasce toda vez que o poeta abre as asas
e suas mãos se põem a extrair poesia macia das pedras mais duras,
transformando-as em bolhas cintilantes
só para circundarem os corpos das deusas quando o inspirar Poesia.
Das ondinas, essas ondas pequeninas, ele fez um xale
e colocou em
seus ombros
só para vê-las chorar
quando o tambor para de tocar,
e o poeta adormece, a poesia hiberna
e a
primavera desaparece.
Um belo dia, o menino deus poeta volta a tocar.
E o amor ressurge das chuvas.
E renascem as deusas, as flores, os perfumes, as estrelas no céu,
a alma da natureza renasce,
e a poesia diz o primeiro verso de amor
na boca do poeta.
Carmen Dias*
... Carmen Regina Dias, para o meu poeta na alma...