Parto
A noite está tão fria..., fecho as portas e parto
em busca da tua companhia.
Sigo só; além do coração, levo nada,
além dos dedos endurecidos, as mãos geladas.
Sigo em frente, coração diz que valerá a pena
juntar nossas mãos num poema.
Ah, o abismo que busquei a vida inteira...
Agora, caminho à beira.
Na beira do abismo as palavras dão em cachos
como uvas saborosas, ora falantes, ora silenciosas;
Nessa ponta de abismo a voz de veludo põe lírios
em minha nuca, abala minhas estruturas;
Essa voz que eu conheço, andarilha e macia,
planta em mim versos ébrios de poesia.
A noite se veste de afeto e paixão,
o poeta contempla a estrela polar refletida no chão.
Carmen Regina