E aí, me vi,
vento,
agora, quase brisa.
Fui fundo no movimento,
temporal, ventania, tornado,
ar agitado,
a fúria do elemento,
raios e relâmpagos riscando o breu,
a paisagem dos sonhos no chão,
as árvores sendo arrancadas pelo ciclone,
as flores despetaladas
ao açoite do vendaval,
fios de ternura cortados,
mil desejos destelhados,
nada parado em pé,
além deste ser que caminha a meu lado,
e que eu, poeta desacorçoado, confiante,
sigo.
Olhar perdido no horizonte,
cato meu coração,
firmo os pés no chão e,
qual bambu que se levanta
antes da bonança,
levanto a cabeça e
sigo em frente.
Sem róseas lentes,
sem aquela substância
que dá consistência aos sonhos,
sem mais nada, além da certeza
da essência que há em tudo,
essência cósmica e divina,
que sobrevive aos temporais.
“Sin perder la ternura jamás!”
Carmen Regina