O poeta se achega de manso
e ocupa um lugar no momento.
No mesmo instante, a alma se espessa
e se apossa da
forma.
O tapete de nuvem se estende no chão,
a mente cochila,
as mãos tornam-se maleáveis,
os sentidos giram, alucinados,
o corpo serena,
o poeta se acalma.
A brisa passa varrendo tudo,
as penas flutuam no campo de pouso do peito.
O tempo estanca para ouvir o
zumbido
do ar e das abelhas.
É a hora do anjo.
Nasce poesia na manjedoura da língua.
O mel escorre pelo canto da boca do poeta solitário
em seu trabalho de parto.
A abelha rainha entrega sua oferenda,
alma nas pontas dos dedos.
No céu, a lua branca anuncia
o Registro de Poesia
no livro do E terno.
Carmen Regina*
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