POR QUE DESCEMOS...?*
Segue a caravana da
ignomínia
na noite breu milenar,
a bordo, milhões de semi-vivos.
Por fora, desalmados,
por dentro, sonolentos.
A ignorância canta, a
crueldade balança o berço,
para que durmam
infinitamente.
Cortai e libertai, meu
Pai.
Curai as feridas causadas
pelos grilhões.
Livrai-nos do sono e
da cegueira!
Ou, então, é melhor
retornarmos ao tempo
em que o espírito
repousava na pedra.
Por que descemos
tanto?...
Carmen Dias*
Foto de Thiago Gonçalves