quarta-feira, 25 de março de 2009
Das fadinhas...

*
!
Nada é tão mágico assim
- Pimpirilimpimpim!
Só a varinha de condão
Cintilando em minha mão.
Sissssssss...Blimmmm!
É pedra se derretendo,
Coração tornando a pulsar,
Um forte impulso de vida
Acende a lanterna do olhar.
- Todo mundo quer amar.
Em fogo ardem paixões,
Juras de amor eterno,
Mas, depois, o encanto passa,
Primavera vira inverno
- Voam desilusões...
Que dirá meu coração...
Dormia tão sossegado,
Tumtumtum tão relaxante...
Varinha entrou em ação!
- Lá se foi meu coração...
Agora, ao Deusdará,
(fada madrinha, cadê?)
- Shiva tocou seu tambor,
Lá se foi meu grande amor...
- O que que eu vou ti dizer...
(carmen)
segunda-feira, 23 de março de 2009
quando...
Quando acordei,
as flores ainda estavam
abraçadas às pétalas,
havia o orvalho
e as gotas translúcidas
eram de uma lucidez
absurda e inexplicável...
Os pássaros enlouquecidos
cantavam à tua delicadeza
de manhã dourada,
sinfonia de brisa
despertando os ninhos
adormecidos no colo das estrelas.
Como gosto de acordar em ti
quando tu passas, vento sul
pela minha nuca,
pelos fios de meus cabelos,
pelas flores da minha pele...
Sou o éter quando me sinto
abraçada por tua leveza,
que nem é humana,
é sopro carícia e prana,
elemental dos anjos
que me beija toda vez
em que abro os olhos e
minhas mãos se estendem
para o nada
em que tu brincas
de ser a ternura do ar
que eu respiro.
carmen
domingo, 22 de março de 2009
Darfur...
.
Minha lágrima é nada,
minha dor, performática,
o grito abafado na garganta é zero,
á esquerda, redondo e mal acabado
diante da agonia silenciosa da fome,
do calor, do frio, da sede,
das saídas, nenhuma.
Que é meu grito
diante do peito seco de milhares de mães,
do seu desespero diante da impossibilidade
de nutrir os filhos remanescentes do holocausto?
Que peito daria leite depois de terem arrancado dele
filho quase morto de fome
para matá-lo com requintes de crueldade?
Tem horas que nem sei o que vale a pena nessa vida,
se é mesmo o bastante a alma não ser pequena,
tem horas em que me sinto inútil,
me vejo dormindo de boca aberta,
horas que chorar nem melhora nem piora,
Apenas afunda-me mais rápido na cova rasa
da vergonha de ser um membro deste corpo
que está fazendo isso,
criando essa obscenidade, essa maldade,
dando as mãos à brutalidade,
e, pior que tudo, a indiferença...
Somos todos um...
Um só corpo, um só ser,
somos todos irmãos,
nosso lar é este planeta
que era para ser lindo,
e não há ninguém em casa.
Que me adianta ser poeta...
Que as águas continuem a descer
e a afogar meu desespero,
e que eu renasça amanhã, com fé,
porque neste instante eterno não sei o que fazer,
nem o que dizer
além de sofrer o silêncio e a distância,
a dor dos meus irmãos,
tão negros, tão brilhantes,
ônix divino entre nós,
e nós, nem aí...
Não sei o que fazer meu deus...
carmen
sábado, 21 de março de 2009
Verso...
Verso novo
Liga não...
Sou um humano gozado,
Entende nada, coitado,
Coração, sempre na mão,
Nem percebe a imensidão
Do sentimento guardado,
E o poema, tão delicado,
É levado de roldão.
Liga não...
Olha pra mim .
Aceita esse verso novo
- Fala a linguagem do povo,
Uma flor que há tempos não vinha,
E vem sem ervas daninhas,
Não desenha abismo no céu,
Ao contrário, escorre mel,
É o céu no papel.
Olha só, ...esse sim... Vês?...
A tela fica ensolarada
A alma fica calada.
Palavras flutuam no espaço sem fim.
Mas cada letra da paisagem
Traz oculta tua imagem,
Que só revelas para mim.
Então vejo.
Vês?
carmen
quinta-feira, 19 de março de 2009
no bico do beijaflor
o poeta não pode ...

.
Lá vem ele...
Poeta de quinta dimensão...
Mas a menina já sabe:
Com um belo dum poema
Ele arrasta o seu coração.
Ah, se ele fincasse os pés no chão!...
Por que esses versos tão doces,
essa fala mansa e macia,
por que se deitam tais letras
meladas e perfumadas
na rede da poesia?...
Ah, depois vem melancolia...
Tão bom falar de amor...
Tão gostoso a dois voar...
Todavia, olha o balde de água fria,
O poeta vai embora,
É um anjo, não pode ficar.
Ah, bem que ele gostaria...
carmen
quinta-feira, 12 de março de 2009
A sós comigo ...

Conversando a sós comigo
Nem pensar!
(é pensar,
... e eles aparecem)
Se quer estar a sós
Nem comece.
Pense bem!
(é pensar,
... e estar ausente)
Difícil é silenciar
a atividade da mente.

Pissss! Silêncio!
Só ouça,
Primeiro, ao longe,
Agora, mais perto,
Agora, por dentro.
O processo é lento.
É pra gente tinhosa.
Adentro o salão de jade
Vestida de CordeRosa...
Carmen Regina
Imagens by Google.
domingo, 8 de março de 2009
a JHS
Ardência de poeta
Nada me toca tanto.
Hades soprando a acha humana,
acordando as salamandras
da fogueira
(onde ele geme baixinho
enquanto arde),
tornando em cinzas a sua pele macia,
modelando a fogo o seu corpo sutil.
Salamandras ao alto!
Tomara não se distraia com as apsaras...
E que a raposa chinesa
não molhe o rabo
na travessia do grande rio.
Ah, grande sorte ser poeta!
A viagem sempre se completa.
A carruagem de dores que leva o velho
é a mesma que traz
o poeta novo.
carmen
De cima...

Imagem by Gilbert Willians
Do alto
Observo:
É tudo junto,
Nada está separado.
Pelo a pelo, pelo a rama,
Rama a pedra, a bichos
A rios e mares profundos.
Do alto vejo:
Cai do céu
Um xale luminescente
Cobrindo os ombros do mundo,
E todos sonhos das gentes.
Do cume das partículas enxergo:
Somos todos um
E a luminescência
que nos mantém unidos
É a luz do reino da essência.
carmen
quinta-feira, 5 de março de 2009
o velho poeta...

Mara vilha !
Só Poesia te completa.
O novo cintila em meio aos escombros,
e resplandece sutilmente nas corbélias de flores
das exéquias do velho poeta.
Uma fulgência feita de pequeninos lúmens circundam
o feto do poeta novo.
A barriga cresce, os seios aumentam,
Em breve o leite vai jorrar
inundando os espaços em branco
de pura poesia.
carmen