Não fosse o zumbido do éter, o aroma das rosas esquecidas, o ronco do navio, plenilúnio, estrelas riscando o céu... O silêncio se faria . E se navegaria esse instante como num oceano de mel .
Não fosse o vento sorrateiro soprando o tempo inteiro, (desmanchando meus castelos de areia) quem avivaria a chama que me incendeia?
Penso em ti. Tua lembrança me faz suspirar. Mil poesias dormem na ponta da língua. Mas minha alma se levanta para ti buscar...
Faça de nós filhos amorosos teus.
Põe tua doçura em nosso olhar,
Tua ternura em nossos braços,
Em nossos ouvidos o teu dom de escutar.
Cubra-nos, Mãe, com o teu manto de estrelas,
E derrama sobre nós o teu leite divino,
Somos ainda tão pequenos ...
Estamos friorentos, carentes e famintos.
E quando já formos Homens, Mãe,
Dá-nos de beber da tua taça de maravilhas,
Leva-nos para dentro do teu castelo de jade
E revela-nos o esplendor da imortalidade.
Imagem: pintura by Luiza Caetano, poetiza portuguesa em temporada de lançamento do seu último livro no Brasil
Flor
Observo-a bela flor E me crio aquário me invento peixe por fim torno-me água me esparramo a seus pés apenas a sentir-lhe a força da raiz e o aroma inefável como névoa caindo sobre mim feito orvalho da manhã.
que faz as deusas serem belas,
é o aroma que as faz perfumadas e meigas.
Ele povoa seus pensamentos e sensações
com poesias que só às deusas são ofertadas.
Ele as atrai como o mel atrai as abelhas,
ele fascina suas almas meninas
e as leva para brincar ao pé do riacho
que nasce na fonte do seu coração
e corre sem fim dentro de tudo que existe.
O amor nunca morre e, no entanto,
re nasce todos os dias,
no mesmo instante em que o sol irrompe,
os pássaros se põem a cantar
e as fadinhas se levantam para dançar
sobre as gotas de orvalho .
Quando a alma desponta no horizonte do poeta,
ele é o dourado que a tudo permeia,
é a melodia tocando suave a natureza das coisas .
O amor re nasce
toda vez que o poeta abre as asas
e suas mãos se põem a extrair poesia macia
das pedras mais duras,
tornando-as quais bolhas cintilantes e diáfanas,
só para circundarem os corpos das deusas
quando o inspira a poesia.
Das ondinas, meigas ondas pequeninas,
ele fez um xale e colocou em seus ombros
só para vê-las chorar
quando o tambor de Shiva pára de tocar,
e o poeta adormece,
e a poesia hiberna,
e a primavera desaparece..
Tempos depois o menino deus poeta volta a tocar.
E o amor ressurge das chuvas,
E re nascem as deusas,
as flores, os perfumes, as estrelas do céu,
a alma da natureza re nasce,
e a poesia diz o primeiro verso de amor
EU, abaixo assinado, mamífero, no pleno gozo das minhas faculdades, descendente dos peixes e de um homem sábio, declaro para todos os fins de direito, que deixo como herança para a amada, várias constelações no lado direito da Via Láctea, conforme mapas astronáuticos.
Declaro ainda ser possuidor de alguns ventos da madrugada e de várias ondas na praia descrita no documento anexo, com amostras da areia e uma estrela fossilizada.
Outras propriedades não citadas, deixo para o cartório distribuir aos autores dos melhores versos, nas próximas temporadas.
A vasilha hermética junto, deverá conter a alma, incinerada para distribuição gratuita entre os pássaros e abelhas.
Desejo a todos um bom dia e a mesma noite de plenilúnio riscada por meteoros erráticos.
Firma reconhecida e o labirinto digital da minha vida debaixo do último verso.
O que há, poeta das doces palavras, infiltrado no recheio dos teus versos, que desce em torrentes por minha garganta, entra-me na corrente sanguínea e me põe assim, nua, mínima e vulnerável ?
Qual avalanche de pulsar inexplicável, derramas sobre o meu olhar tuas rimas macias, desmanchas meus castelos de areia, tornas em pó meus ídolos reluzentes, sem sentidos minha poesia.
Ah, poeta da inspiração inesperada, Olha dentro dos meus olhos e me diz: - O que há na consistência sutil do teu poema, o que há, poeta dos dourados anelos que me inebria a alma e, num instante que me sabe eterno, já nem sei quem sou?
Mergulho em teu poema. E afogo-me em minhas próprias águas turbulentas. Eram sem sal, até que me viesses, em ondas, ora com gaivotas brancas em céu azul, ora em procela do fim do mundo...
Deusa, divindade, deidade, amor supremo... A teus pés dobram-se todos os poemas. São para ti os cânticos de todos os poetas. São para ti minhas palavras ralas, É para ti meu louvor, Em teus ouvidos sopro os meus versos de amor. Teus cabelos voam à brisa de milhões de anelos, E em teu colo deitam-se os tesouros do coração. Poesia escorre, qual chuva de prata, por tuas mãos E as mais belas rimas ardem em tuas pupilas . De ti espero apenas o olhar amoroso ao amanhecer, E os uivos da loba ao anoitecer. Na madrugada, nada... Além do canto inebriante da sereia...
carmen
domingo, 7 de junho de 2009
Recebi o selo “Vale a pena acompanhar este blog!” de Dolores Jardim. O selo violeta é premio e representa, segundo os seus criadores, "as sensações que a cor violeta traz para a nossa mente". Ele é dado àqueles blogues que têm algumas das sensações da cor violeta, a saber: magia, encantamento, graciosidade, magnetismo e tudo aquilo que parece mágico.
Subo a montanha e Lá estão, a relva, o vale, Esmeraldas e jades de todos os tons... Tão suave viver, tudo tão bom, Mas agora não, Agora a paisagem é desafiante, Há perigos pela frente,
Abismos insondáveis sobrevirão. Mas agora não, Inefável aroma movimenta-se no ar. O vazio respira. O desconhecido ronda. O fogo se propaga no éter: In cand escência.
Algo vem do além. O espírito do pássaro desce ao chão, Algo chega ao ser. Duas asas gemem de prazer. Poeta e Pássaro: Somos um. In corporis são.