segunda-feira, 17 de março de 2014
sábado, 8 de março de 2014
FAÇO CHOVER
É olhar uma flor, um pássaro, uma abelha,
uma pedra,
um tapete de flores no chão,
um bezerro mamando ...
É ver os porquinhos cor-de-rosa
no caminhão da
Sadia (?)...
galinhas engaioladas indo à morte na Perdigão ...
É contemplar a lavoura viçosa
fazendo de conta que é verde-esperança e nutrição,
fingindo ser saudável o dourado dos trigais
encharcados de veneno
Monsanto (santo?)!
Eu faço chover
Chuva forte daquelas que não passam.
O mar morto transborda.
Choro e chovo.
Tempestade é ver criança pedindo comida,
esmolando ternura,
- a Terra vira um oceano.
Sou trovoada quando dou de cara com Aspartame na mesa,
- o melhor da Monsanto à mão!
Fico em estado de calamidade quando vejo
nossos hermanos abandonados,
sem casa, sem comida, sem escola, sem dignidade,
tampouco cidadania...
Um poema me comove
quando me faz saltar a barreira do
sentimentalismo vão.
Senão, não.
Prefiro ler o pasto, os pratos dos gatos,
as andorinhas
que os felinos cobiçam.
Prefiro a poesia da carroça do lixo reciclável
e seus nobres poetas
puxadores.
*Carmen Regina Dias
da série Della Saura
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