O papelão que cobre o irmão
é duro, é pesado,
feito cobertor e
feito colchão.
O barulho dos
carros passando
em cima do
viaduto e nas ruas laterais,
nem é tanto,
o que mata é o
gás carbônico invisível,
tempo inteiro no
ar, madrugada a dentro,
presente em cada
respiração.
Dói em minhas
costas
o papelão que
recobre o irmão.
Um ratinho aqui,
outro ali, uma ratazana acolá,
Baratas,
aranhas...
todos buscando um
canto pra chamar de seu,
nem que seja só
por essa noite gelada,
todos com fome!
O que não dariam
por um pedaço de pão...
Pesa em minhas
costas o papelão
que recobre o
homem e é o seu colchão.
Sinto frio, sinto
fome, sinto medo...
E o grito, preso
na garganta:
“Caim, onde está
o teu irmão?”
Nenhum comentário:
Postar um comentário