Com cara de poema gótico arrancou as penas de suas asas
e fez para si mesma uma bela e invejável cruz.
Colocou-se deitada nela, infinitamente...
Sentiu frio no lugar onde antes haviam penas,
no lugar das asas, braços, ombros, pescoço,
costas, orelhas, rosto...
Um frio ardido e tão gelado que talvez pudesse ser definido
como o frio da morte.
Queria sentir o prazer da dor do poeta em seu corpo.
E sentiu. Mas não compreendeu.
Não fora criada para o frio, nem para a dor, nem era poeta.
Era simplesmente poesia.
Quando quis sair da cruz, viu que estava grudada.
Era primavera e os cravos despontavam nos canteiros
de suas mãos e pés.
Então ficou ali, deitada, crucificada,
milhares de poemas brotando de suas feridas.
Eram tantos ... alcançavam o céu.
Ficou ali, entregue, até ser sufocada
por eles,
tão densos, tão profundos, tão ternos,
tão eternos.
Carmen Regina Dias
2 comentários:
nossa....mto lindo...
te encontrei no orkut do Jenario...
amo poesia...e minha curiosidade me trouxe aki...
adorei....vou estar por aki direto...
e colokei umas poesias no meu space....mas mto dificil escolher algumas qd to axando uma mais linda q a outra...
dmaissssssss
bju e ateh daki a poko...
=)
Maravilhoso, Carmen. Aliás, fantástico!
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