Um raio de sol entrou silenciosamente pelas dobras da cortina,
manso e morno riscou seu trajeto inquieto da janela ao rosto
da menina, que dormira vestida com o camisola da inocência
e se enredara em sonhos primaveris de tal forma envolventes
que acordaria certamente bem mais ela do que a que dormira ,
e bem mais próxima da que sonhara.
O sol beija-lhe a face e um sonho novo lhe nasce antes mesmo de abrir os olhos.
Não é esplêndido? pensa ela e só então se dá conta de ter acordado, muda de lado,
bate os olhos na janela por onde entrou esse beijo cheio de amor e desejo.
A imaginação lhe queima, as cortinas que separam os sentidos em cinzas se tornam,
um punhadinho de nada, que o vento sopra...fuuuuuuuu ....
Fecha os olhos novamente e se põe a sentir de verdade,
sem mais limitações da vigília, e que até poderiam estar presentes,
não fosse o incêndio queimando o chão indolente, milhas e milhas...
Quem saberia descrever as sensações provocadas pelo simples toque de lábios
de um raio de sol? Silêncio na platéia...
Supremo júbilo, como se todas as sensações do corpo se interiorizassem e se reunissem para vibrar simultaneamente, ondas ondulantes ondulando no mesmo lugar, o pequeno espaço do peito e subindo pela coluna do templo em direção à cabeça,
ondulando para os braços, voltando aos seios, umbigo, pára no coração fica um pouco
e continua descendo e a ela parecendo ser uma onda sensual .
Paz na selva, roseiral em flor perfumante, passarinhos enlouquecidos no quintal,
pálpebras e cílios são cortinas tão diáfanas...
Inebriante o êxtase de um mero raio de sol... mero, como melros nos galhos da
Flamboyant...
Carmen Regina Dias
2 comentários:
Sol, melro...
Fui a ti, mas não sabias que era eu o tempo todo?
Que lindo amiga, um belo poema para iniciar um belo dia.
Assim o coração já fica aquecido e a alma cheia de esperança.
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