domingo, 18 de julho de 2010

poema a quatro mãos

Parto


A noite está tão fria..., fecho as portas e parto
em busca da tua companhia.

Sigo só; além do coração, levo nada,
além dos dedos endurecidos, as mãos geladas.

Sigo em frente, coração diz que valerá a pena
 juntar nossas mãos num poema.

Ah, o abismo que busquei a vida inteira...
Agora, caminho à beira.

Na beira do abismo as palavras dão em cachos
como uvas saborosas, ora falantes, ora silenciosas;

Nessa ponta de abismo a voz de veludo põe lírios
em minha nuca, abala minhas estruturas;

Essa voz que eu conheço, andarilha e macia,
planta em mim versos ébrios de poesia.

A noite se veste de afeto e paixão,
o poeta contempla a estrela polar refletida no chão.





Carmen Regina