sábado, 9 de julho de 2022

ANJO

Era um anjo. 

Até começar a beber da taça dos mortais. 

 Agora, cultiva ervas daninhas, 

 agora, destila sua própria cicuta. 

 Não sabe o mal que se faz. 

 Pobre anjo! 

 Não resistiu ao chão movediço de suas criações. 

 A alma apagou a luz e ele dormiu. 

 Ainda dorme, pobre anjo! 

 Enquanto dorme, nutre fantasias e ilusões. 

 Já não sabe estar sozinho. 

 O anjo, agora, é multidões.

Carmen Dias*