domingo, 30 de novembro de 2014

Palhaços, com muita hora.




PALHAÇOS

Pura estratégia para ser
sem que percebam que estamos sendo  
algo além de marionetes .

O sistema movimenta os fios, 
e o palhaço brinca de transgredir seus movimentos.
O sistema  ri, e a gente finge que está achando graça,
(e estamos mesmo morrendo de rir da palhaçada toda) .

Assim somos, crianças e mais nada,
a fonte do amor bebemos 
e irrigamos a vida inteira
com a mesma água abençoada.

Bravo! Bravo! Bravo!
Não envelhecemos nunca!
Ponto para a alma!
Ponto para a sua perspicácia!

Nós! Palhaços! 
Escrevemos belos poemas
com a falácia do sistema.



*Carmen Regina

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Lá vem ela, a nova mulher! *






Lá vem ela
a nova mulher!

Vem de dentro,
por entre brumas delicadamente  caminha.

Lá vem ela 
liberta e colorida
sentindo na pele a própria singularidade,
a dimensão inefável de seu ser.


Mulher!
Alma pulsante em corpo vivo,
beleza pura.
Amor jorrando incessante

da inesgotável fonte da ternura.


Lá vem ela! 
Todo santo dia, ela, 
uma nova mulher!


*Carmen Regina

Imagem blog Bhudism



sábado, 8 de novembro de 2014

NOITE*




Oculto dentro do silêncio
o zumbido
ultrapassa a zona dos sentidos.
As flores exalam enlouquecidas
despejando aromas em profusão.
Os Jasmineiros estão silenciosos.
os Beija-flores, adormecidos.

Lírios e Floripôndios venceram a batalha
dos aromas e servem, agora, poesia em taças
transbordantes do perfume inefável
com que cobrem o leito da noite,
inebriam a madrugada
e me embriagam.
Eu sonho.
Sonho¿


Carmen Regina*

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

*AMANHECER





"Aqui é sempre assim:
madrugadas rendeiras tecem o amanhecer
e a exuberância dos jardins.

Por ora, nada a fazer, espera pra ver
como é lindo o alvorecer.

Os gnomos brincam, as fadinhas dançam
com os raios de luz nas tangências das gotas de orvalho,
nanoniágaras preciosas,
beijos serenos nas folhas úmidas das manhãs.

Pouco a pouco chegam seus amores,
borboletas, bem-te-vis, sabiás, beija-flores...
Vêm no rastro do arrebol.

Não abra os olhos ainda, respira...
Sinta o aroma de fadas embalando a madrugada
que adormece ao pé do Sol.

Carmen Regina*







terça-feira, 4 de novembro de 2014

É DOCE MORRER





É doce morrer nesse mar
em noite de estrelas cheia,
teu hálito perfumando o céu,
boca, dentes, saliva, doce mel.
Jóias preciosas
acariciam teus poros
acalmam a alma valente
morta de frio, de medo, de sono,
de viver.


Borboletas celebram a noite celestial
xiitas kamikazes em sua nobre causa
vêm teu meigo arakiri e não estão nem aí.
Adeus!
Antes mesmo da hora zero celebremos o
transcendental
e renasçamos úmidos e doces
para o amor imortal.

Vem tingir minha realidade
com o tom da tua voz rubi,
com a luz dos teus olhos
descontrua meu coração,
trancado a 7 chaves
e lançado em teu a mar.
Coração-diamante, meu bem meu mal,
tornado, tempestade, vendaval
nas areias deste deserto de vida
oriente oásis miragem,
da terra do nada, paisagem.

Obrigada Mãe
pela felicidade legítima de ser o não-ter,
viver e morrer infinitamente
sem dor sem sofrer
puro êxtase
puro prazer."

*Carmen Regina
2004

Imagem Cristian Schloe 
Cultura Inquieta

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

O dia amanheceu dourado




Tua Luz 


O dia amanheceu dourado e perfumado.
 

Peço ainda mais calor humano 


para louvar este Sol 


que alumia o prado 


do meu olhar mais terno.
 

Peço um incenso 


Para acender no bico do pequenino raio de luz
 

que adentra a janela do meu peito

 
abraçado à brisa que chega e não fica

,
a lembrar que o tempo

 
é um acidente geográfico do eterno

existe em uma única dimensão e, 


nela, inexoravelmente,


passa..


Carmen Dias



terça-feira, 16 de setembro de 2014

*En Canto...




Por quem cantas coração?

Madrugada se inicia,
distante da poesia,
“aquela poesia”...


Poesia que me derrete, 
que me desperta paixão,
que é fogo e que me consome 
quando lembro desse homem
que me encanta o coração.


Tempo todo a pensar.
Tempo inteiro a me en

cantar.

Carmen Regina*

quinta-feira, 17 de julho de 2014

GEMA



GEMA




Sou dura
sou pedra




Parto-me
espalho-me




Reflito brilhos
fascino




Em noites de plenilúnio
uivo





.
Carmen Regina*

Meu coração anda distante...

Meu coração anda distante...
Encostei meu ouvido na parede da ausência
mas, não o posso ouvir,
meu coração está fora de mim,
criou asas, virou gaivota, voou,
foi  pras bandas do a mar,
lá, onde os pensamentos se agitam 
no balanço das ondas,
lá, onde  o vento açoita os sentidos.
Para lá meu coração voou e não voltou.

 Meus olhos perderam-se nas  órbitas,
minhas mãos prenderam-se aos fios invisíveis
com que  subo ao céu,
toco a estrela mais brilhante  
e digo-me:

- É o brilho da iris dos olhos do meu Senhor,
é a cintilância do poeta na alma incendiando
os versos em minhas pupilas.

Vem, raio de estrela!
Vem e enche minha taça com a  luz da tua ternura!
Vem, toma-me em tuas asas e me leva 
para a Terra do Sem Fim,
onde  tua doce voz ecoa infinitamente, 
preenchendo o imenso vazio de ti  
que carrego em mim 
pela vida a fora.

Carmen Regina*


sexta-feira, 18 de abril de 2014

PAIXÕES



Paixões são assim.

Arrebatam.

Mas, se com amor não for alimentada,

fim!


Até a próxima apaixonada.


Carmen Regina*


Minha Estrela


Vem!

Tu és a minha estrela Polar.
Mostra-me as pegadas dos astros,

nossos irmãos  que correm com galáxias
enquanto corremos com lobos.

Vem! 

Entra pela minha boca e brilha

no meu mais alto céu,

fonte de todos os sentidos,
sede de todos os desejos.

Carmen Regina*
imagem: Christian Schloe - Cultura Inquieta


REMINISCÊNCIA POÉTICA*

*

NADA

Vira e mexe, me vem:
Me vejo na estrada...
lonely lover,
um barco à deriva
rumo ao nada.

- Cadê você, alma minha,
Por que me deixa sozinha¿

Pensamento voa
vai longe,
segue teu rastro,
você  se esconde,
... eu não me acho.

Hoje estou tão cansada...
Tanta busca e
nada.




*Carmen Regina

domingo, 6 de abril de 2014

DAS PEDRAS *




DAS PEDRAS* 


O que dizer das pedras? 
Pedras são pedras,  portam poesias... 
As pedras do caminho são irregulares,
por vezes pontiagudas, noutras escorregadias. 

As do caminho sempre grudam no chão
-pela força do atrito, pelo esmeril das dificuldades.
Pedra, que é pedra, orgulha-se de seu peso,
sua dureza e singularidade. 

No caminho de volta ao novelo do mundo, 
da transcendência da vida cotidiana e tributável. 
(tudo tão envolto em arte e mistério ...) 
 há um longo e firme assoalho de pó e minério.

As pedras são antigas, por isso tão sábias!
Conversamos muito durante a viagem
Piso leve e suave sobre elas
e olhamos [com] paixão a paisagem!

*Carmen Regina

sábado, 8 de março de 2014

FAÇO CHOVER




É olhar uma flor, um pássaro, uma abelha, 
uma pedra, 
um tapete de flores no chão, 
um bezerro mamando ... 

 É ver os porquinhos cor-de-rosa 
no caminhão da Sadia (?)... 
 galinhas engaioladas indo à morte na Perdigão ... 

 É contemplar a lavoura viçosa 
 fazendo de conta que é verde-esperança e nutrição, 
 fingindo ser saudável o dourado dos trigais 
 encharcados de veneno Monsanto (santo?)! 

 Eu faço chover 
 Chuva forte daquelas que não passam. 
 O mar morto transborda.
 Choro e chovo. 

 Tempestade é ver criança pedindo comida, 
esmolando ternura, 
 - a Terra vira um oceano. 
 Sou trovoada quando dou de cara com Aspartame na mesa, 
 - o melhor da Monsanto à mão! 

 Fico em estado de calamidade quando vejo 
nossos hermanos abandonados, 
sem casa, sem comida, sem escola, sem dignidade, 
tampouco cidadania... 

 Um poema me comove 
 quando me faz saltar a barreira do sentimentalismo vão. 
 Senão, não. 
 Prefiro ler o pasto, os pratos dos gatos, 
as andorinhas que os felinos cobiçam.

 Prefiro a poesia da carroça do lixo reciclável 
e seus nobres poetas puxadores. 

 *Carmen Regina Dias 
 da série Della Saura