sexta-feira, 10 de novembro de 2023



Acordei,

e o perfume dos meus sonhos 
ainda estava aqui,
na cama, nos lençóis, no colchão,
nas paredes, nos objetos,
no tapete do chão,

por todo lado, 
o perfume do amado.


Só ele não estava,
Ele não veio,
ficou no sonho. 
Que pena...


Ele, solitário no sonho,
eu, sozinha no poema.


Smírama
by @carmenrdias



quarta-feira, 8 de novembro de 2023







Esperando

Primavera anda distante ...
Ainda tem Outono Inverno pela frente
Ceres já não produz como antigamente

Aqui se pergunta, ali respondem sábias palavras
Ainda que frias e despojadas, 
Hades já pactua, palavras já são escravas

Aqui se esfria, põe-se a neve por sobre a cidade
Ainda que de manso, feito neblina
Mas sem alegria de Juno, inda vira tempestade

Aqui se lança, por quem escreve, garrafas ao mar
Levam mensagens, haverão de chegar
e se poderá celebrar!

Carmen Regina*

 

*ATÉ QUANDO...?

Até quando desmontar as tralhas e seguir,

sabe deus para onde, outra vez ...

Até quando ...?

jardins e quintais deixar, e seguir,

buscar um novo lar,

novo jardim a plantar

e a florir sabe Deus, em que lugar...

Quisera um porto seguro,

céu azul mar em paz, quisera ...

Descansar os sonhos,

cantar canções de adormecer à beira do a mar.

*Carmen Dias




 

 







COMO É BOM SER POETA


Ah, como é bom ser poeta!
Criar, criar e criar.
Crio, sim, crio, crio, e crio.
Enquanto crio,
os  laços vão se formando,
laços que vêm das estrelas,
laços enlaçando almas.

Crio enquanto brinco
a brincadeira de crianças
de procurar amigos escondidos.
E os laços vão surgindo,
ternos, eternos,
indeléveis.

Crio e cuido.
Para serem firmes.
Para que unam.
E sejam pontes sobre águas turbulentas,
varais estendidos sob o sol da vida,
nossas roupas dependuradas, 
suadas de tanto brincar.

Crio laços para o show dos equilibristas,
dos eternos buscadores,
laços condutores,
feito com  fios sagrados
como o fio de Ariadne,
conduzindo, conduzindo, conduzindo...

Crio laços para embelezar o presente
de cada dia.

Carmen Dias*

Na noite que se inicia


Na noite que se inicia o e terno canta uma melodia.
Na ponta da língua, sutil como um gemido,
vibra uma nova poesia.

Eu sei de onde vem essa nota  que me toca,
essa harmonia que me alivia,
essa carícia no coração.

Preciso escrever. Procuro uma  pauta.
E Eros vem dançar  na palma da minha mão.
Procuro uma pena;
e meus dedos deslizam na tela do imaginário.

Suplico por tintas;
e em minhas retinas nascem o arco-iris, o céu,
florestas e mares, miríades de estrelas e flores
que se vão pintando no delicado tecido de tua pele,
que eu adivinho.


Cantares de CarminaReginae *

Se não fosse a inundação
era mais seco o sertão,
Se não fosse a chuvarada
isso aqui nem dava nada.

Que dirá meu coração...

Que não vive sem o mimo
de um raito de sol,
malacostumado que é,
não vive sem cafuné...

Mas cafuné como o teu,

Macio, gostoso, dengoso...
Daqueles que é só começar
e o sertão já vira mar.

E se mar vira sertão...

Que dirá meu coração!
Terreno todo adubado,
Tanto de trigo plantado
Mas água que é bom..