quarta-feira, 19 de agosto de 2015

PALHAÇOS*






















PALHAÇOS*
O sistema movimenta os fios. 
O palhaço brinca de transgredir-lhe os movimentos.
O sistema ri, e o palhaco faz de conta que acha graça.


E assim somos,

sem que percebam que estamos sendo algo
além de marionetes.
Felizes, e mais nada,
crianças, bebendo da fonte do amor,
e irrigando a vida inteira 
com a mesma água abençoada.


Bravo! Bravo! Bravo!
O Palhaço jamais envelhece!
Ponto para a alma! 
Ponto para a sua perspicácia!



Palhaços! 
Ah, o orgulho que sinto em mim!
Nós, Palhaços amigos,
descobridores da Terra do Sem fim,
escrevemos belos poemas 
com a falácia do sistema.



*Carmen Regina
fotos da pg de Leonides Tico Quadra e Adriano dos Santos Brandão

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Meditação






*Meditação


A gota de orvalho espreguiça-se 
sobre a pétala...
Portas se abrem à meditação.

OMMMMM

Um grito jaz, preso  na garganta 
da poesia:
clarão, fulgência, vislumbre da eternidade.

Zzzzzzzzzzz.. 


... São precisos 1 herói, 12 titãs e a mão de deus 
para reunir o rebanho...
E uma abelha, tão somente, para dispersá-lo.

Cantares de CarminaReginae*


Face a face - Tagore em O Coração de Deus



Governante de minha vida, 
devo ficar a cada instante
face a face com Você?

Governante de todos os mundos, 
devo ficar reverentemente
face a face com Você?

Sob Seu amplo céu, 
com o coração humilde em solidão e silêncio,
devo ficar face a face com Você?

Nesse Seu mundo de lutas, 
tumultuado pelo esforço e labor,
por entre multidões apressadas, 
devo ficar face a face com Você?

E, quando minha obra neste mundo se acabar,
Governante dos governantes, solitário e mudo,
devo ficar face a face com Você?



- Poemas de Rabindranath Tagore – O Coração de Deus
  Escolhidos e editados por Herbert F. Vetter
  Ediouro.


domingo, 26 de julho de 2015

ouvindo o mar





Acordei ouvindo o mar

vento leste na janela

ronco de navio

Maresia

                                          Lembrei meus amores

                                         tantos

                                        E um rosto de brisa me sorriu

                                                      
                                                                              Tomei uma xícara de poesia 
                                                                              e fui

                                                                              voei 

                                                                              num mar de gaivotas

*Cantares de Carmina Reginae

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Lua Grávida




O gato desliza furtivo pelo arvoredo,
seus miados gelados, nesta noite, começaram cedo.

No alto côncavo a lua gira tranquilamente,
parece calma e serena.
Serena? 

Silenciosa, ela gira em alerta crescente.
Enquanto gira, semeia devaneios e sensações;
delírios e emoções em breve germinarão.

O sol cobriu-a com seu manto ardente;
vai vendo... sua barriga está crescendo,
em breve, seus gritos penetrarão nossas mentes.

Poetas, seres sensíveis, loucos e videntes,
despertos, de repente, de insuspeitada dormência,
partejarão ardores em latência,
impulsivo, o mar se lançará nas areias,
marujos se entregarão ao canto das sereias;
floripôndios, damas da noite, angélicas e jasmins 
irão exalar os seus aromas,

gatos ciosos caminharão frenéticos pelas calçadas 
procurando gatas ansiosas por gritos e unhadas.

Carmen Regina


imagem: The Witches Companian

terça-feira, 14 de abril de 2015

De outras vidas não falo...




















                                                                                                                                                                                     foto by Manolis Spanakis site photo.net 



De outras vidas não falo.
Falo desta, que me escapa pelos vãos dos dedos,
pelos cantos dos olhos, pelas janelas da mente.

(falaria, na verdade...
 as palavras me fogem quando penso no que fora, 
quanto toco no que é)

No breve instante em que me proponho ao relato
descortinam-se as reminiscências,
o coração dispara, qual flecha, em Tua direção.
E eu me prostro no chão.

É a hora do conflito. O eu menina quer agradar-Te
com meus potinhos de acertos,
O eu adulto se acanha frente à montanha dos erros.

Não sei o que dizer-Te.
Sabes tudo de mim, sabes até o que nem eu imagino.
Penso que, se dissesses, eu me aniquilaria,
eu me dissolveria à medida em que fosses abrindo
cada uma das minhas portas cerradas.

No entanto, Tu te sentas no trono do meu peito 
e esperas por minhas revelações.
- O que hei de confidenciar-Te?

Não posso dormir sem ao menos dizer 
o que me digo a toda hora, e que, agora, é importante 
demais confessar: 
- Eu confio em Teu amor.

Carmen Regina*

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Palavras & Imagem



Palavras & Imagem*

Junto-as e a idéia se multiplica,
a poesia cresce.
Como isso acontece...?

Algo vindo de algum lugar,
chega sem avisar.

A alma reage de prima
às palavras, imagens e  rimas.
Excitado, o poeta  se entrega ao poema.

Eu fico com a revisão, a arte final da  inspiração,
o contorno em bico de pena.
Minhas penas.

* Carmen Regina