domingo, 15 de novembro de 2009


Tela Communion, by Robert Hardgrave, captada em um dos melhores blogs que tive a honra
de visitar: En El Camino...

ABISMAL


Penso.
E a rua fica comprida,
o horizonte, distante.

Penso,
E o abismo vai se criando
Enquanto ando.

Penso.
E na névoa, há dores,
Fora dela, as cores.

Penso.
E o pintor se atira
Ao abismo dos pincéis.

Não penso.
E o pensar me esquece
Pra que o poema se expresse

Entrego-me.
E a tela em branco, abismo profundo,
Traz-me de volta ao meu mundo.


Carmen Regina, by Smírama

terça-feira, 3 de novembro de 2009

o retrato dela...

imagem do site olhares aeiou



O MURAL


Pelo olho de vidro pode ver:
os mesmos papéis,
os mesmos recibos
as mesmas anotações;
os mesmo alfinetes
contemplando o saber
rigorosamente encapado,
em tomos, lado a lado.
Mas a imagem dela,
símbolo da anunciação de posse,
já não estava lá.
Havia um aroma desconhecido
circulando nos aposentos.
Isso pode sentir
na voz do ser amado.
A rosa, antes viçosa, murchou,
o perfume de lírios evaporou.
E o que era encanto tornou-se
um mar, frio e distante.

Samara Lamat

Das efígies


Imagem de Jim Crotty

DAS EFÍGIES


Uma realidade se desenha por detrás
da cortina dos pensamentos.
Efígies se movimentam no mundo mental.
Gente, casas, cidades, árvores,
Ilusões de sentimentos dão as mãos a
montanhas, areia e mar, navios e sereias,
bichos e flores, nasceres e pores do sol
imaginários
ocupam seus lugares na paisagem do irreal.
Nenhum vento..nenhuma brisa...
Silêncio a perder-se de vista.

Uma lápide se ergue do chão dos desejos.
O poeta se levanta vestido de alma.
Milhões de versos adormecidos
aos pés de anelos subnutridos
vazam por entre os dedos de suas mãos.

Uma procissão de sonhos
acompanha o enterro do poema.
Velas acesas, terços, avemarias, mantras.
Carpideiras enlutadas acendem incenso,
ornamentam o chão com corbélias e
pétalas de flores...
O poeta flutua ...
O cortejo dança.
Nas dobras da dimensão se insinua
um lugar solitário na história.
Que dirá meu coração...



Della Saura