sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

de noites e dias, momentos...


O RIO RI, AS FLORES ADORAM

Porque ontem fui dormir com meus anjos
e hoje acordei no colo de Kafka,
ao menos por hoje,
não se haverá de mirar
os olhos opacos da impaciência.
E o dia fluirá sem sonolência,
como as águas de um rio
a caminho do mar,
brincando de esconde-esconde com peixes,
que passam, em cardumes,
fazendo-lhe cócegas na barriga;
os peixes saltam, o rio ri,
as águas pulam nas pedras,
as margens ficam excitadas.
O rio é contagiante,
gosta mesmo é de brincar,
brincaria com as borboletas
se elas soubessem nadar mas,
elas ainda não aprenderam,
se precisaria ensinar primeiro às flores.
Mas elas não desgrudam do chão,
a menos que eu as colha com as mãos.
Não.
Hoje não colherei flores,
Hoje colocarei um altar ao pé de cada uma delas.
Vou passar o dia assim,
de altar em altar,
a Te adorar
dentro de mim.

Smírama
by Carmen Regina

Um comentário:

Manuel da Rosalina disse...

O rio espalha-se até à eternidade onde desagua,
rompendo o caminho, esculpindo o leito,
arrastando sedimentos de memórias desde a nascente
como alimento, e vida,
e de verde (re)veste a paisagem
e de azul é espelho do céu,
e rio de contentamento
cada vez que o colho à mão
e me refresco
numa quente tarde de verão.

Sinto a foz,
cheira-me a Outono,
mas contempo-o
com os olhos de início
acreditando na corrente
de sua configuração,
para afogar as palavras
de todos os silêncios.

joão m. jacinto

Parabéns, pelos belíssimos poemas, poeta!

Bom fds!

Abraços-poema,

jmj