sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Manoel da Rosalinda, poema à contemplação do rio


O rio espalha-se até à eternidade onde desagua,
rompendo o caminho, esculpindo o leito,
arrastando sedimentos de memórias desde a nascente
como alimento, e vida,
e de verde (re)veste a paisagem
e de azul é espelho do céu,
e rio de contentamento
cada vez que o colho à mão
e me refresco
numa quente tarde de verão.

Sinto a foz,
cheira-me a Outono,
mas contemplo-o
com olhos de início
acreditando na corrente
de sua configuração,
para afogar as palavras
de todos os silêncios.

joão m. jacinto

imagem por Gilad - site Deviantart

4 comentários:

Carmen Regina Dias disse...

"... toda vez que o colho à mão
e me refresco..."

"...para afogar as palavras
de todos os silêncios."

"...o rio espalha-se até à eternidade..."

De leito-me a ler-te, Poeta.
Mergulho uma, duas, três vezes,
e tantas mais,
e a cada vez o que leio é maior,
mais abrangente.

Muchas gracias...

Manuel da Rosalina disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Manuel da Rosalina disse...

É a justa inteligência
da poeta generosa,
que me alcança,
para lá das palavras,
e da simplicidade
de meus dizeres,
de minhas intenções,
decifrando outras escrituras,
que não me lembro,
outros de mim que desconheço
e que nunca capaz, serei,
por que não será,
jamais preciso.

Na transmutação
dos versos
escolho a morte do poeta,
que honrei,
para que persista
alguma da poesia
que me compõe
quando por desdobramento
me redijo ao bem.

Não tenho o caminho do Sol,já foi,
mas o da brincadeira com os ventos
e quero aceitar essa felicidade
e dançar com o futuro
em todas as ruas.

Ficarei invisível,
por que me desgosta
que alguns me vejam.
Vestir-me-ão as palavras;
chegam para me dar rosto.
E quem bem me conheceu,
nelas me achará.

jmj
jhs
mdr



Grato, poeta!

Abraços-poema!

Sergio Bittencourt disse...

O Rio que o poeta Ja cinto sente, sentiria, por toda a eternidade, se afogadas fossem "as palavras de todos os silêncios".

Linda poesia.