quinta-feira, 28 de abril de 2011

o caleidoscópio do poeta

foto de Jonas Mendes Blog Spot


POETAPOEMAPEDRA

Mágica visão do desfolhar-se do poeta
no caleidoscópio do poema.
Olho por ele e o que vejo? -  uma pedra.

Giro-o devagar, nas pontas dos dedos:
a pedra se desfolha em preciosidades.
Giro
rápido, e, uma idéia salta, qual faísca de
esmeril: “- Por inteiro a lapidar-se.”

De novo, giro, e o poeta se desfolha, glorioso,
em mil imagens cintilantes,
vislumbres do poetapoemapedra em lapidação.

Poesia silenciosa vai se desenhando na tela sutil e,
eis que salta outra faísca do esmeril:
“- ...a pedra é todo um uni verso, suscetível
ao giro da minha mão.”






















Imagem by Cameraviajante .com. br

Carmen Regina
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quarta-feira, 27 de abril de 2011

a roseira do oleiro



ROSEIRA

Ouvir-te e ouvir-te e ouvir-te,
até que o que eu sou se revele no silêncio
da tua prosa;
até que as montanhas se dissolvam 
e se possa, enfim, 
tocar a textura ímpar da rosa.


Ouvir-te, ouvir-te e ouvir-te,
e ouvir ao vale em seu ecoar infindável;
até que se revelem as palavras sequiosas
das ninfas que se deitam nas páginas do rei,
e se possa ler,
o que, eu ainda não sei.


Ouvir-te, ouvir-te e jamais tocar-te,
por mãos não possuir, 
e por nada ser 
além do que se molda na argila do tempo,
que tanto cria obras de arte 
como sonhos,  poesia e sentimento.


Todavia, 
sou feita do fogo, do éter e da ternura,
as bitolas se derretem, os moldes se dissipam,
a ternura vaza por entre os dedos do oleiro,
tomba ao chão 
e se vai juntar, singular e faceira,
aos pés da eterna roseira,


Smírama, by Carmen Regina 
Foto de Madalena martins, site
fotográfico olharesaeiou.com

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quinta-feira, 21 de abril de 2011

O poeta adormeceu ...









O Poeta adormeceu
mas a música que o embalou continua a tocar

doce mente.

A noite está fria, o vento sopra.
Cubro-o lentamente com meu corpo de pétalas,
rosa macia, de perfume inefável

penetrando seus pulmões, aninhando-se,
dormindo com ele.
Poeta e flor são um só, agora, sonhando-se.

Quando o dia amanhecer, eles acordarão,
e as pétalas se lançarão ao chão
qual tapete feliz de primavera

Desejosas de sentir o calor de seus pés 

suplicaráo para que as pise...
E ele, amoroso e gentil, flutuará sobre elas.

E a poesia virá.





Carmen Regina
Imagem Poeta Rumi
 fonte google 




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quarta-feira, 20 de abril de 2011

A Beleza suprema das flores



Imagem by CARAS




Aporto meus pensares em ti e reporto-me às flores
que sem saber de onde nem porque, desabrocham,
embelezam, perfumam, encantam e curam.

Verdadeiramente grande é o dom de sua beleza .
Todos podem vê-la.

Quando suas pétalas se tornam ressequidas
soltam-se das hastes para dar espaço às novas flores
e, então, deixam-se cair ao chão.

Explode a beleza em generosidade.
Todos podem senti-la.



No chão mas, náo cansadas ou indignadas,
 soltam-se ao deusdará, aceitam tudo,
Sol, água, terra, ar, éter e, enfim, tornam-se adubo.

Nutrem, assim, a própria mãe, amamentam suas irmãs.
Poucos percebem...


Explode em beleza a alma das flores.

E a poesia sorri.



Carmen Regina
Smírama by

segunda-feira, 11 de abril de 2011

peço licença para ler em voz alta




É para ser um belo poema esse dia.
Peço licença para o ler em voz alta,
quem sabe os passarinhos ouçam,
e as flores exalem seus perfumes,
quem sabe meus rebanhos silenciem
e eu possa finalmente ver  sem as cortinas 
do olhar.

Seja este dia um retalho da colcha de eternidade
que o espírito foi criado para bordar, 
E que a humanidade desperte do sono
pela mídia embalado
e que possa ver o que náo tem  paciëncia para perceber,
- o culto desenfreado  ao consumo,
 às tecnologias desafiadas pela Natureza;
e que as autoridades nomeadas pelo povo
honrem as milhóes de vidas ao seu discernimento
confiadas.

Sejam os sonhos infinitos, leves e breves.
Semibreves, colcheias, claves de sol imensas
desenhadas pela pena do amor 
na pauta dourada do coração do poeta...
 Possam nossos ouvidos ouvir a melodia
da flauta de Deus.



Carmen rRegina - foto de Rarindra Prakarsa

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Imagino o calor das palavras...





Imagino o calor das palavras

com que esculpe no ventre da noite
a fina pena amorosa da tua língua divina...



Mel em chamas

deslizando entre quadris descontrolados e
seguindo eloquente por entre pernas em lava;





Sinto tuas mãos frenéticas
colocando gemidos na boca selvagem que incendeias.
Imagino a brancura dos lençóis...



Doce voz entoa em meus ouvidos a melodia das esferas.


Gemem os canteiros de lírios.
Imagino o prazer na Terra do Sem Fim





Carmen Regina
Imagem captada no Google Imagens


segunda-feira, 4 de abril de 2011

Ao que me libertará...





Ao que me libertará do medo, 

e me impedirá de fugir diante do portal, 

após o qual contemplarei o Espírito, 

ofereço os meus olhos. 


Àquele que está do lado de lá 

do abismo da consciência, 

braços estendidos em minha direção 

entrego as minhas mãos. 

A ele rezo 

para que o rubro dessa rosa mostre 

a divina simplicidade do existir. 

E que a simplicidade me seja leve, 

e me eleve . 


A ele entrego o meu coração.