ROSEIRA
Ouvir-te e ouvir-te e ouvir-te,
até que o que eu sou se revele no silêncio
da tua prosa;
até que as montanhas se dissolvam
e se possa, enfim,
tocar a textura ímpar da rosa.
Ouvir-te, ouvir-te e ouvir-te,
e ouvir ao vale em seu ecoar infindável;
até que se revelem as palavras sequiosas
das ninfas que se deitam nas páginas do rei,
e se possa ler,
o que, eu ainda não sei.
Ouvir-te, ouvir-te e jamais tocar-te,
por mãos não possuir,
e por nada ser
além do que se molda na argila do tempo,
que tanto cria obras de arte
como sonhos, poesia e sentimento.
Todavia,
sou feita do fogo, do éter e da ternura,
as bitolas se derretem, os moldes se dissipam,
a ternura vaza por entre os dedos do oleiro,
tomba ao chão
e se vai juntar, singular e faceira,
aos pés da eterna roseira,
Smírama, by Carmen Regina
Foto de Madalena martins, site
fotográfico olharesaeiou.com
***
3 comentários:
Tem poema que só faz existir silêncio na pele, por dentro e por fora. Então vem o suspiro que quer ficar lá dentro e a gente insistindo em vir cá pra fora. rs
bacio
Ler-te, ler-te, ler-te!...
Sentir poesia!
bjs,
jj
Coisa mais doce e linda de poema. Parece música e já imagino alguém cantarolando suavemente...
Parabéns amiga-poesia.
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