terça-feira, 31 de maio de 2011

Tagore - A Carta

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Acordei pela manhá e encontrei sua carta.
Náo sei o que ela diz porque não sei ler.
Deixarei o sábio entregue a seus livros, não o pertubarei,
 pois ninguém tem certeza de que ele sabe ler o que a carta diz.
Deixa-me  encostá-la na fronte e apertá-la de encontro ao coração.
Quando a noite emudecer e as estrelas surgirem uma a uma, abri-la-ei
em meu regaço e ficarei silencioso.
As folhas sussurrantes a lerão alto para mim,
o riacho murmurante a modulará, e do céu as sete
estrelas sábias a cantarão para mim.
Náo posso achar o que procuro, não posso entender
o que desejara entender.
Mas esta carta que não li, aliviou minha carga
e transformou meus pensamentos em canções.


Rabindranath Tagore

Em Colheita de Frutos
Tradução de Abgar Renault
Editora José Olymio, 1945


5 comentários:

Francy´s disse...

Belíssima tradução.
bjs

Breve Leonardo disse...

[a magia dentro do poema...]

um abraço,

Leonardo B.

Marco Antonio de Moraes disse...

Lindo texto, mesmo não sabendo o conteúdo da carta.

Um bom final de semana.

http://palavrasproferidas.blogspot.com/2011/05/desde-que-verdadeiro.html

Sônia C. Prazeres disse...

Bom começa carta não Lida de Tagore.
"Mas esta carta que não li, aliviou minha carga e transformou meus pensamentos em canções." Como é doce tudo que vem dele!

Sônia C. Prazeres disse...

Delícia começar o dia com a carta não lida de Tagore. "Mas esta carta que não li, aliviou minha carga
e transformou meus pensamentos em canções."Como é doce tudo que vem dele... Obrigada.