quarta-feira, 9 de março de 2011

Faço chover ...

foto do Google 2010



FAÇO CHOVER


É eu colocar o olhar
sobre uma flor,
um  pássaro,
uma pedra,
um tapete de flores no chão,
um bezerro mamando;...


É eu ver 
os porquinhos cor de rosa, socados no caminhão
da Sadia,
as galinhas engaioladas, 
indo à morte
na Perdigão,...

a lavoura verde fazendo de conta
que é esperança,
que é saudável o dourado dos trigais

encharcados de veneno.
Monsanto!

Eu faço chover.
Chuva forte.
O mar morto transborda ao redor.
Choro e chovo.


Tempestade é ver criança
pedindo comida,
esmolando ternura,
-a Terra vira oceano.


Sou trovoada quando dou de cara
com Aspartame na mesa,
- o melhor da Monsanto à mão!

Um poema me comove.
quando me faz saltar
a barreira do sentimentalismo humano. 

Vão.

Senão, não.
Prefiro ler o pasto,
o prato dos gatos,
as andorinhas que eles cobiçam.


Prefiro a poesia
da carroça do lixo reciclável
e seus nobres poetas puxadores.



*Carmen Regina
da série Della Saura

3 comentários:

Anônimo disse...

bom isto de fazer chover, assim só depende de você o fazer brotar

Belas poesias, lindo blog!

Gostaria que conhecesses o meu, seria um prazer me segures também se gostares

Retalhos do que sou

Beijos de chuva

Arimatéia Macêdo disse...

Lindo poema!!!
Eu também sou tão chorão...
A crueldade me comove.
Mas você, com seus escritos, me alegra.
Um abraço.

Wladimir Evangelista disse...

Um dia todos chorarão juntos por não terem parado essa atrocidade a tempo: doente, perdição e mondiabo, entre outras. Metade das pessoas é ingênua. Metade é indiferente. É nesse cenário que o mal consegue crescer. Quem vê, sofre.