segunda-feira, 12 de maio de 2008

Joaninha...


Um raio de sol impermanente
rasga o momento,
ele se distrai e nem percebe 
a joaninha,
esperando, quietinha...

Não demora nada ele chega
pousa os longos braços na janela
_ "que calor abrasador"... pensa ela...

Olha, olha, mira bem e
ploft!
está de novo em seus cabelos,
"_que delícia", pensa ela,
"tomara que ele nunca mais saia daqui,
tomara que durma na janela."

E vai descendo pelo cabelinho
tão sedoso, feito ninho,
caracol a caracol,
que lindos caracoizinhos...

Pensativo, sonhador, 
ele nem se toca da presença dela,
e continua na janela.

E ela vai descendo, descendo,
pula do cabelo pro pescoço
e se imagina - que pira!
uma vampira!

Bem ali na artéria pulsante
tum! tum!  tum! 
África, tambores, deserto, vudu
niagara transbordante.

Sobe desce caracol pescoço
mais pra baixo,
não, nos pelos do peito não,
vai sentir cócegas,
vai notá-la, e quem sabe,
esmagá-la,

ou, talvez, pousá-la em sua mão
perto do coração.

Sobe um pouco,
beijinho aqui, beijinho ali,
Ah, se as joaninhas tivessem lingua
beijo de lingua é bom demais,
tesão,

mas ele se afasta,
vai embora
e a joaninha voa...
realizada, feliz,
na boa.


Carmen Regina Dias

Um comentário:

Ana Cristina disse...

Ow mais que Joaninha mais atrevida e mais caliente... Passa longe de inocente... Amei o texto minha amiga poeta linda!!! A-D-O-R-E-I!! bjusss