segunda-feira, 12 de maio de 2008

Eu, a relva ...



















Não fosse o calor
vulcânico, abrasador
sobre meu corpo estirado,
quase morto, largado,
talvez nem percebesse
algo que se arrasta sobre mim
vagarosamente, em slow...

Ouço batidas compassadas,
surdas, graves, comprimidas,
- um baixo, um sax, um violão,
batidas de coração?
Apuro: nenhuma respiração.

É a hora selvagem
silêncio ensurdecedor,
sóis e luas,
estrelas e buracos negros
em nuvens de éter invadem a mata,
a floresta enlouquece
e esquece.

Os instintos saciados, nem me notam,
deslizam seus corpos quentes sobre mim,
se espojam, adormecem...

Amanha é outro dia,
agora, é sonhar, ser o não-ser,
viajar infinitas possibilidades:
leopardos viram leões,
elefantes viram anões,
cogumelo vira xamã.
Bons sonhos,
até amanhã.

Carmen Regina Dias

Um comentário:

Sônia C. Prazeres disse...

Se não fosse essa febre, calor de vulcão, essa amiga, essa poesia...o que seria?
Veja que até garganta inflamada doente, acaba virando poesia linda nas mãos de quem entende!!!
LINDOOOO !!!!!!!!