quinta-feira, 15 de maio de 2008

mero melro, mero raio de sol, mero nirvana, mero êxtase...


Um raio de sol entrou silenciosamente pelas dobras da cortina,

manso e morno riscou seu trajeto inquieto da janela ao rosto

da menina, que dormira vestida com o camisola da inocência

e se enredara em sonhos primaveris de tal forma envolventes

que acordaria certamente bem mais ela do que a que dormira ,

e bem mais próxima da que sonhara.

O sol beija-lhe a face e um sonho novo lhe nasce antes mesmo de abrir os olhos.

Não é esplêndido? pensa ela e só então se dá conta de ter acordado, muda de lado,

bate os olhos na janela por onde entrou esse beijo cheio de amor e desejo.

A imaginação lhe queima, as cortinas que separam os sentidos em cinzas se tornam,

um punhadinho de nada, que o vento sopra...fuuuuuuuu ....

Fecha os olhos novamente e se põe a sentir de verdade,

sem mais limitações da vigília, e que até poderiam estar presentes,

não fosse o incêndio queimando o chão indolente, milhas e milhas...

Quem saberia descrever as sensações provocadas pelo simples toque de lábios

de um raio de sol? Silêncio na platéia...

Supremo júbilo, como se todas as sensações do corpo se interiorizassem e se reunissem para vibrar simultaneamente, ondas ondulantes ondulando no mesmo lugar, o pequeno espaço do peito e subindo pela coluna do templo em direção à cabeça,

ondulando para os braços, voltando aos seios, umbigo, pára no coração fica um pouco

e continua descendo e a ela parecendo ser uma onda sensual .

Paz na selva, roseiral em flor perfumante, passarinhos enlouquecidos no quintal,

pálpebras e cílios são cortinas tão diáfanas...

Inebriante o êxtase de um mero raio de sol... mero, como melros nos galhos da

Flamboyant...


Carmen Regina Dias





...

2 comentários:

Unknown disse...

Sol, melro...
Fui a ti, mas não sabias que era eu o tempo todo?

Iara disse...

Que lindo amiga, um belo poema para iniciar um belo dia.
Assim o coração já fica aquecido e a alma cheia de esperança.